Abril foi um mês marcado por fortes oscilações nos mercados financeiros globais. O principal motivo foi o chamado “Dia da Libertação”, como ficou conhecida a nova ofensiva de Donald Trump em sua política de tarifas comerciais — especialmente contra a China.
Como consequência imediata, o anúncio provocou uma onda de aversão ao risco entre investidores. Em poucos dias, as bolsas americanas perderam trilhões de dólares em valor de mercado. Embora a tensão inicial tenha diminuído com o passar das semanas, especialistas alertam que os impactos dessas medidas devem ser sentidos por um longo período.
De acordo com Ricardo Peretti, estrategista CGA do Santander, houve uma “deterioração expressiva no nível de confiança dos consumidores e do ambiente de negócios”. Além disso, a XP Investimentos apontou que, diante da crescente incerteza econômica, o mercado passou a estimar uma chance de 40% de recessão nos Estados Unidos nos próximos 12 meses.
Nesse cenário de instabilidade, corretoras e bancos brasileiros adotaram uma postura mais cautelosa e decidiram manter em suas carteiras internacionais empresas já consolidadas e resilientes. No entanto, houve uma única mudança relevante: a saída da ExxonMobil e a entrada da Meta (M1TA34), após a gigante da tecnologia apresentar resultados acima das expectativas no primeiro trimestre.
Ações globais mais recomendadas por instituições brasileiras
A seguir, confira as ações mais citadas por analistas de diversas casas de investimento. Vale destacar que apenas empresas recomendadas por, no mínimo, três instituições foram consideradas nesta lista.
Empresa | Nº de recomendações | Retorno em 30 dias |
---|---|---|
Amazon (AMZO34) | 7 | +9,20% |
Microsoft (MSFT34) | 5 | +18,90% |
JP Morgan (JPMC34) | 4 | +12,20% |
NVIDIA (NVDC34) | 4 | +12,28% |
Alphabet (GOGL34) | 3 | +10,11% |
Apple (AAPL34) | 3 | +1,27% |
Berkshire Hathaway | 3 | -1,20% |
Meta (M1TA34) | 3 | +15,20% |
Alibaba (BABA34) | 3 | +8,77% |
Fontes: XP, Santander, BTG Pactual, Empiricus, Terra Investimentos, Genial, Safra, Itaú BBA.
Por que essas empresas seguem nos portfólios?
Amazon
Segundo o Santander, a Amazon continua sendo uma das principais apostas. Isso ocorre não apenas por sua atuação dominante no varejo digital — com mais de 40% de participação nos Estados Unidos —, mas também porque suas operações em streaming e, principalmente, em computação em nuvem (via AWS), apresentam alto potencial de crescimento.
Microsoft
O BTG Pactual atribui à Microsoft um papel de destaque em seu portfólio. A tese se baseia em três fatores principais: primeiro, a integração de inteligência artificial aos seus produtos-chave, como o Microsoft Office e o mecanismo de busca Bing; segundo, o desenvolvimento de soluções em realidade virtual; e, por fim, o crescimento acelerado da nuvem via Azure.
JP Morgan
No setor financeiro, o JP Morgan foi novamente incluído nas carteiras. Conforme aponta um relatório da XP, a empresa é menos afetada por uma possível desaceleração do PIB dos EUA. Além disso, destaca-se pela expansão de sua base de clientes e da rede de agências em grandes centros urbanos americanos.
NVIDIA
A NVIDIA segue em alta nas recomendações, aparecendo em quatro carteiras. Isso se deve à sua atuação estratégica no desenvolvimento de chips gráficos e soluções voltadas à inteligência artificial. A empresa opera em dois grandes segmentos: gráficos (GPUs GeForce, por exemplo) e computação em nuvem e redes — incluindo infraestrutura para data centers.
Alphabet (Google)
O Alphabet, segundo o Santander, é uma escolha sólida por dominar áreas como buscas online, streaming de vídeo e sistemas operacionais (Android). Adicionalmente, a empresa se beneficia de fortes efeitos de rede, o que a torna altamente atrativa para anunciantes — sua principal fonte de receita.
Apple
A Terra Investimentos recomenda a Apple por sua capacidade de integrar dispositivos, software e serviços digitais. Além disso, suas operações globais — divididas em América, Europa, Grande China, Japão e Ásia-Pacífico — demonstram resiliência e alcance estratégico.
Berkshire Hathaway
A holding comandada por Warren Buffett continua a ser uma alternativa defensiva em tempos de instabilidade. A Genial Investimentos destaca que sua carteira diversificada e presença global reduzem a exposição às incertezas econômicas, como a guerra tarifária.
Meta (Facebook)
A Meta voltou a ganhar destaque após divulgar resultados melhores do que o esperado. O analista Enzo Pacheco, da Empiricus, ainda acredita na tese da empresa, mas recomenda um pouco mais de cautela diante da recente valorização das ações.
Alibaba
Por fim, o Alibaba se mantém entre os favoritos da XP. A empresa chinesa atua em áreas como comércio eletrônico, infraestrutura de internet, serviços financeiros e nuvem. Entre suas subsidiárias estão nomes como Taobao, Tmall, Aliexpress, 1688 e Alibaba Cloud.
Em resumo, abril demonstrou como decisões políticas, especialmente as vindas de grandes potências como os Estados Unidos, podem desencadear reações imediatas nos mercados financeiros ao redor do mundo. Diante de um cenário tão incerto, investidores e analistas têm priorizado empresas com histórico consistente, atuação global e capacidade de adaptação tecnológica.

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